quarta-feira, 25 de junho de 2008

Quis falar da juventude, mesmo sendo criança!



Sabe, sinto falta hoje de alguém, de uma pessoa ou grupo musical que expresse os sentimentos , medos e anseios da vida futura que os espera. Gostem ou não, a geração em que fui adolescente, havia um mágico que brincava com as palavras. Pulverizado pela crítica e cada vez mais idolatrado pelos fãs, de certa forma ele espelhava os conflitos existenciais de cada ser, ao mesmo tempo em que sabia com maestria singular, compor músicas fáceis, mas que sempre levavam algo. Queriam vender discos? É claro. Ganhar dinheiro também, mas não se resignavam a isso. Na televisão não era presença constante; pelo contrário, conta-se nos dedos suas aparições. Drogado, homossexual, tudo o que a nossa sociedade repugna. Pergunto-me: Porque uma pessoa assim incomodava tanto? Por dizer verdades? “Quem me dera, ao menos uma vez, ter de volta todo ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade, se alguém levasse embora tudo o que eu não tinha". Cheio de contradições, assim como cada um de nós. "Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus; Não quero lembrar, que eu minto também". Como um marginal (pessoa que vive à margem da sociedade) conseguiu tão bem falar do relacionamento familiar e sentimentos existentes entre seus menmbros? “è preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar o amanhã não há”. - Besteira.... Se for, porque hoje, nossos compositores ou nossa juventude repete incansavelmente "RBD, RBD, RBD". Ídolos construídos e projetados pela mídia. Realmente para ele era fácil de tudo fazer música. ““ Vamos a Camões, poeta Português : “ amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer" . Crítico, sarcástico, mas verdadeiro: " Vamos celebrar a inveja, a intolerância e incompreensão, vamos celebrar o preconceito o voto dos analfabetos" e sabia cantar como ninguém" De tarde quero descansar, chegar até a praia e ver, se o vento ainda está forte e ver se vai ser bom subir nas pedras “. Você que está lendo tem algum tipo de medo? " Será só imaginação, será que vamos conseguir vencer, será que é tudo isso em vão, será ..." Mas cantou também " Os bons morrem jovens, assim parece ser, quando me lembro de você, que acabou indo embora, cedo demais". A morte e melancolia ele expressava sem medo " Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz; Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho, mas não me diga isso, é só hoje e isso vai passar..." É, uma geração coca-cola, mas sabia o que era. E a geração de hoje, sabe? “E Clarice está trancada no banheiro, cortando seucorpo com seu pequeno canivete, mas quando ela se corta ela se esquece”“ É agora vou assistir um filme de um "Santo Cristo" ou um romance entre algum "Eduardo e Mônica" ou, para aqueles machões super violentos, o filme do "Senhor da guerra" é, fiquemos com a "Perfeição" dos dias de hoje.


Perfeição
Renato Russo

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.

Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.

Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição

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